quinta-feira

A MINHA MULHER E O MARIDO DELA


“Telefonaram-me a dizer que a minha mulher tinha sido agredida pelo marido dela”.
É o reflexo dos tempos modernos. Ouvi uma testemunha proferir esta complicada afirmação.
Já se tornou estafada a frase “os meus, os teus e os nossos”. Em consequência dos divórcios, muitos refazem as suas vidas com outras pessoas que também romperam ligações anteriores. Cada um dos cônjuges já tem filhos do casamento anterior. Depois, surgem descendentes do novo matrimónio.
A mulher tem crianças só dela. De igual modo, há filhos só do marido. Depois, existem aqueles mais novos, que têm como progenitores os dois membros do casal.
Regressando à afirmação inicial, o que se passava era o seguinte.
A vítima de agressão ainda era casada com o homem que a agredira. Mas já se encontrava separada dele, há muito.
Entretanto, iniciou uma nova ligação.
O novo companheiro considerava aquela senhora como sua verdadeira mulher. Mas também sabia que o real marido dela ainda era o outro homem.
De modo que a mulher dele tinha sido agredida pelo marido!
Felizmente, não foi violenta a reacção do companheiro da mulher agredida pelo marido. Deu-lhe todo o apoio, mas não se meteu ele em comportamentos agressivos.
Completamente diversa foi a atitude de um jovem de 20 anos, que passeava com a sua namorada.
Outros três moços cruzaram-se com o casalinho. Um deles dirigiu umas palavras à rapariga. Terá dito qualquer coisa como “papava-te toda”.
O namorado seguia um pouco afastado da sua dama. E quis demonstrar que não aprovava aquele “piropo”. Para isso, recorreu a tudo o que estava à mão.
Em primeiro lugar, limitou-se às palavras e perguntou aos três amigos se não tinham óculos para verem melhor.
Depois, passou logo a agarrar em tudo o que servisse para agredi-los. Ali mesmo ao lado, encontravam-se uns contentores do lixo. Junto aos mesmos, estava uma tábua. O fogoso rapaz pegou na madeira e decidiu-se a usá-la para bater ao atrevido que dirigira o piropo e aos seus amigos. Na realidade, ele nem sabia bem quem teria proferido aquelas palavras, mas estava já disposto a dar uma lição a todos eles.
No entanto, aquilo não resultou. As vítimas levantaram as mãos e conseguiram evitar as pancadas.
Pois não é que o violento namorado persistiu? Entrou logo ali num restaurante e sacou uma faca de cozinha, sem pedir licença a ninguém.
Com ela, esfaqueou um dos três jovens. Era o que estava mais perto dele. Em segundos, matou-o.
Na minha opinião, nem há que discutir se o tal “piropo” constituía ou não provocação. É que o assassino até desconhecia quem o proferira. Resolveu matar um dos três amigos, escolhendo um deles, completamente ao acaso.