sexta-feira

O AZAR E A SORTE DO BANDIDO



A falta de “profissionalismo” de um bandido tanto pode resultar em seu desfavor como, numa outra perspectiva, beneficiá-lo.
Evidentemente, os “amadores” são mais facilmente capturados. Mas, também, por agirem de forma menos censurável, podem vir a ser punidos com uma sanção mais leve.
Foi o que se passou, aqui há quase quatro anos, em Azeitão.
Uma ourivesaria foi assaltada, de manhã, por três ladrões. Para além da dona do estabelecimento, encontrava-se lá uma cliente, com a sua filha, ainda criança.
A forma tosca de os criminosos agirem revelou-se na forma como um deles decidiu dissimular o rosto, por forma a não ser reconhecido.
Enquanto um envergou um gorro com dois orifícios para os olhos, outro limitou-se a colocar o capuz do seu casaco impermeável.
O terceiro não tinha essa preocupação, pois a missão dele era conduzir a viatura, que aguardava os outros.
Ao entrarem na loja, os dois assaltantes partiram as vitrinas por forma a apoderarem-se dos objectos em ouro, mais valiosos.
A cliente pensou em aproveitar estes instantes para se retirar, com a sua filha, ao mesmo tempo que pedia socorro.
Tal gerou uma reacção por parte dos criminosos. Embora violentos, eles não foram extremamente brutais e não colocaram em risco a vida dos presentes.
Pela força, impediram que a cliente e a filha abandonassem o local.
Quanto à proprietária do estabelecimento, foi bruscamente empurrada para o chão.
Curiosamente, o facto de ela ficar prostrada permitiu-lhe ver a cara do tal bandido que apenas cobrira a cabeça com o capuz.
Apressadamente, os ladrões reuniram peças em ouro e relógios, metendo-se no automóvel, que arrancou em grande velocidade.
É claro que, facilmente, a dona da ourivesaria conseguiu levar à prisão do indivíduo cuja face ela havia observado. Quanto aos outros dois, nunca foram apanhados.
O criminoso reconhecido lá aguardou o julgamento na cadeia. Felizmente, ele fora suficientemente trapalhão a ponto de pensar que seria bastante tapar a cabeça com o capuz.
Porém, chegado o julgamento, também se teve de considerar que ele não actuara como os piores bandidos, perante uma reacção das vítimas. Em vez de colocar em risco a vida das pessoas ali presentes, optou pela fuga, ainda que com o material roubado. Felizmente, nenhuma vida se perdeu.
Ora, isso tem de ser tomado em consideração.Por isso, a pena foi particularmente reduzida, tendo ele sido condenado a quatro anos de prisão.