quinta-feira

MENINA ALUGADA AO MÊS


Como é sabido, há casos de pedofilia em que vários arguidos são acusados. Geralmente, tal significa que há também uma pluralidade de vítimas.
No entanto, certa vez, procedi ao julgamento de seis indivíduos. Existia apenas uma menina abusada sexualmente. Contava 8 anos de idade.
O drama adensava-se por contar com a colaboração dos seus progenitores.
Foi mediático, merecendo cobertura por parte da comunicação social.
A pequena habitava um lar marcado pela miséria, a todos os níveis. Quase analfabeto, o pai era o único que tinha emprego, como varredor na câmara municipal. Frequentemente, encontrava-se em situação de baixa. A mãe nada fazia, a não ser acompanhar as novelas transmitidas pelas diversas estações televisivas.
Os pais decidiram rentabilizar a própria filha, alugando-a durante o fim-de-semana, quando não havia aulas.
Perto da casa onde residiam, moravam dois sujeitos: pai e filho, ambos pedreiros. O mais velho já se aproximava dos 60. O descendente andava pelos 30. Partilhavam o apartamento, onde mais ninguém havia.
Às sextas-feiras, no final do dia, recebiam a criança, que ali permanecia durante todo o fim-de-semana. No domingo, à noite, a menina regressava a casa. À vez, os dois homens serviam-se sexualmente da menor.
Em contrapartida, pelo aluguer, pagavam mensalmente a quantia de 300 euros aos pais da Maria (chamemos-lhe assim).

 

FIM DO PESADELO

A professora da menina andava desconfiada de que algo se passava e alertou a Comissão de Protecção de Crianças. A menina contou tudo o que acontecia. Quatro pessoas foram presas. Os dois abusadores que a acolhiam ao fim-de-semana. Assim como os pais sem escrúpulos.
Como a menor não podia ficar sozinha, foi confiada a uma tia, irmã do Pai.
O pesadelo tinha terminado, segundo tudo levava a crer.
Infelizmente, não foi esse o caso.
A tal tia meteu em casa um namorado, que não era boa rês. Trabalhava apenas ocasionalmente.
Além disso, não se satisfazia somente com a mulher que o acolhera.
Conhecendo o sofrimento pelo qual Maria antes passara, este patife decidiu também abusar sexualmente da criança. Com tanta frequência que a própria namorada sabia perfeitamente dessa conduta. Apesar de a menina ser sua sobrinha, tolerava aquelas abomináveis práticas. O companheiro da tia não largava a criança, relacionando-se sexualmente com ela.
Felizmente, a professora continuava atenta. E, mais uma vez, a Maria desabafou sobre a nova tragédia que se abatera sobre a sua vida.
De modo que o número de arguidos aumentou. Para a prisão, foram também a tia e o respectivo namorado.