domingo

APAGAR AS LUZES



Muito falado a propósito de vários processos judiciais em tribunal, Jardim Gonçalves não é admirado pelos portugueses.
Profundamente desonesto, causou graves danos para a economia nacional. Provocou enormes prejuízos à empresa por ele presidida. Muitos cidadãos viram-se em dificuldades por sua causa.
Vale a pena ler a biografia magnificamente escrita por Luís Osório. Trata-se de uma obra muito cativante, recheada de detalhes que a maior parte de nós ignorava.
Revela as diversas facetas, qualidades e defeitos, de um indivíduo que lutou por uma vida melhor.
"O Poder do Silêncio" é de imprescindível leitura para quem quiser conhecer melhor um homem que poucos respeitam.



IRMÃO DO PADRE

Uma das virtudes do antigo banqueiro é, garantidamente, a sua devoção à família. Em particular, a forma sábia como tem fortalecido o sólido matrimónio com Assunção, a mulher que desposou há 52 anos. Foi em Lisboa, numa cerimónia presidida pelo irmão do noivo, que enveredara pela carreira eclesiástica.
Como é habitual, antes do enlace, os nubentes frequentaram um curso de preparação. Um casal católico ministrou-lhes importantes ensinamentos, que ainda hoje adotam.
A recomendação mais relevante terá sido decisiva ao longo destas décadas. Ao deitar, é fundamental não apagar as luzes se estiverem zangados ou caso haja alguma questão por esclarecer.
Ironicamente, o par de monitores que lhes transmitiu estes conselhos veio a separar-se.
Eram Isabel e Francisco Sá Carneiro. Antes de ascender a primeiro-ministro, o advogado apaixonou-se por Snu Abecassis.
Jardim Gonçalves nunca foi capaz de compreender a atitude do amigo. Diz o engenheiro: "surpreendeu-me muito o esquecimento dos valores de que fazia doutrina".