segunda-feira

O DESASTRE NA AVENIDA DA LIBERDADE



O trágico acidente ocorrido na Avenida da Liberdade, em Lisboa, justifica dar a conhecer algumas facetas do ferido mais grave: o Juiz Mário Mendes.
Com 62 anos completados no dia 2 de Setembro, é um magistrado que tem desempenhado diversas funções, para além das próprias de um juiz no tribunal.
Presentemente, assume o cargo de secretário-geral da Segurança Interna.
Em 2002, Mário Mendes dirigia o Centro de Estudos Judiciários (CEJ), que é a escola de formação de juízes. Tem sede no Limoeiro, que outrora foi cadeia. Nessa prisão, o poeta Bocage foi encarcerado durante mais de um ano, antes de ser transferido para um hospício pelo Santo Ofício.
Anteriormente, eu havia pertencido ao Conselho de Gestão do CEJ e conhecia bem a casa. Não só recebera ali a minha formação, antes de ser empossado como juiz como também exercera funções de gestão.
Eu sempre tive a noção de que o Paço do Limoeiro escondia muitos segredos. O espaço utilizado pelo CEJ era apenas uma pequena parte do antigo estabelecimento prisional, que foi praticamente destruído na totalidade, com o terramoto de 1755.
Sabia perfeitamente que o subsolo ocultava espaços desconhecidos.


A HISTÓRIA DOS TRIBUNAIS
Mário Mendes nutre profundo interesse pela história judiciária. É daqueles que melhor conhece o passado dos tribunais portugueses.
Foi ele que, no Porto, desencantou o volumoso e infame processo que levou à cadeia Camilo Castelo-Branco e Ana Plácido. Os autos encontravam-se afogados em montes de outros processos, repletos de poeira, teias de aranha e pragas. Mário Mendes salvou este importantíssimo processo, permitindo a sua preservação e análise pelos estudiosos.
Precisamente no consulado de Mário Mendes no CEJ, realizaram-se escavações arqueológicas no edifício do Limoeiro, que deram a conhecer muitas outras celas, onde os presos eram enclausurados em condições muito árduas.
Por essa ocasião, sugeri-lhe uma visita de meus companheiros rotários, pertencentes ao Rotary Club, dando a conhecer a instituição onde são formados os magistrados e o Limoeiro, local repleto de interesse histórico.
Mário Mendes acolheu a iniciativa com grande entusiasmo e o evento constitui assinalável sucesso.