domingo

O QUE ACONTECEU NA PRAIA DO MECO



Surgiram algumas dúvidas relativamente à trágica morte de seis estudantes universitários, no Meco, em Sesimbra.
Eu tenho várias certezas.
Sou jurista, desportista náutico e patrão de costa. Os conhecimentos legais, aliados ao saber concernente ao mar, despertaram-me a atenção.
É falsa a versão apresentada inicialmente pelo sobrevivente, quando pediu socorro. Contrariamente ao que ele contou, não estavam os sete jovens no areal, quando uma enorme onda os arrastou a todos, menos a ele próprio.


NA ÁGUA

Evidentemente, os seis infelizes encontravam-se dentro do mar, com a água a atingir-lhes, pelo menos, os joelhos. O João, que escapou ao drama, era o único que pisava o areal. Por isso mesmo é que se salvou.
É impossível seis pessoas, em simultâneo, serem levadas por uma vaga, quando estão na areia da praia. Tal apenas sucede em casos excecionais, de maremoto ou tsunami, que não se registaram naquelas circunstâncias.
Em condições extremamente adversas, com mar tempestuoso, talvez uma das seis pessoas, mais debilitada, não resistisse e perecesse, transportada pela ondulação.
O que acontece normalmente é a onda empurrar os indivíduos que estão sobre o areal. Ficam mais distantes da beira-mar.


REBENTAÇÃO

Já quando o sujeito se encontra dentro de água, na zona de rebentação, com facilidade é arrebatado pela força da onda. Se envergar roupa, dificilmente conseguirá nadar para terra.
Por vezes, estas fatalidades dão-se com praticantes de ioga. No inverno, fazem exercícios na areia e tudo decorre bem. Se alguém se lembra de colocar os pés no mar e respirar profundamente o ar na zona onde se quebram as ondas, facilmente sente-se puxado e desaparece, afogando-se.
Regressando ao caso dos alunos do ensino superior, todos sabemos que o sobrevivente não se debateu com nenhuma onda. Felizmente, não passou por semelhante dificuldade. Por tal motivo, o seu telemóvel encontrava-se em perfeitas condições.
Estando no mar, os seis malogrados não tinham os seus telefones.


ESCLARECIMENTO

A única questão que interessaria apurar, mas que nunca ficará esclarecida, é a de saber se estes jovens foram voluntariamente para dentro de água, conscientes dos riscos que corriam. Ou, se pelo contrário, sofreram alguma pressão.
Compreendo perfeitamente a vontade de os familiares desejarem conhecer o modo como se deu a desgraça.
Já é tempo de o sobrevivente conversar com eles e prestar contas à justiça, em vez de mandar recados a dizer que está fechado em casa. Toda a gente percebe que ele poderá estar abalado ou, até mesmo, padecer de stress pós-traumático. No entanto, em situação muito pior estão os pais que perderam os seus queridos filhos, na calamidade.





ALDRABICE

É intolerável que alguns repórteres inventem textos com mentiras óbvias.
Um jornal publicou um artigo com o título "Famílias processam sobrevivente". Toda a notícia é falsa.
Os parentes não desencadearam nenhuma ação judicial, em tribunal, contra João Gouveia.
Há um inquérito a correr os seus termos no Ministério Púbico, por iniciativa de um procurador-adjunto.
O que ocorreu foi apenas o seguinte. Um familiar manifestou a intenção de se constituir como assistente, para ter acesso aos documentos e auxiliar na investigação.