“Pai, amanhã vamos ser assaltados !”. O pai é dono de uma ourivesaria e o filho ajuda-o no negócio.
Numa certa manhã, surgiu lá um indivíduo envergando um boné e óculos escuros. Pediu para ver uns anéis, deitou uma vista de olhos ao estabelecimento e saiu sem comprar nada.
Pouco depois, veio outro homem. Por incrível que pareça, trazia o mesmo boné e os mesmos óculos escuros. Também pediu para ver umas peças e foi-se embora sem levar nada.
A conclusão do tal filho, que os atendeu, foi a de que eles estariam a fazer um reconhecimento do local. Voltariam para fazer um assalto.
Tinha razão. No dia seguinte, lá estavam os dois armados com uma caçadeira de canos serrados. Mesmo assim, o filho fez-lhes frente e um deles gritou para o outro: “mata-o !”. Felizmente, os assaltantes não conseguiram os seus intentos e apenas tiveram tempo de escapar.
As joalharias são pontos vulneráveis dado que os bancos são cada vez menos apetecíveis. Dispõem de pouco numerário. As quantidades mais significativas de notas encontram-se em cofres de abertura retardada.
Em contrapartida, as ourivesarias forçosamente têm o material pronto para exposição. Por isso, torna-se muito mais rentável “fazer” uma joalharia.
Normalmente, são utilizadas caçadeiras de canos serrados. É o tipo de arma mais fácil de obter. Adquire-se uma arma de defesa com maior dificuldade. Depois, com os canos serrados, a caçadeira é facilmente dissimulável. Esconde-se por debaixo de um casaco. Tem um elevado poder mortífero, quando o disparo é feito em proximidade do alvo. Os chumbos não se dispersam e provocam um enorme orifício que determina o falecimento.
Os assaltos nocturnos são evitados não apenas com recurso a portas metálicas e a sistemas de segurança. As paredes têm de ser todas elas reforçadas, para prevenir a intrusão.
Nos meios rurais, são vulgaríssimos os furtos de cortiça.
Mas há também os furtos das pinhas. O comércio destas é muito rentável, por dois motivos. Aproveita-se o pinhão – que é muito caro – e, depois, a pinha serve para as lareiras.
As pinhas são colhidas por indivíduos destemidos que sobem aos pinheiros até pontos altíssimos e trazem para baixo tudo o que há por lá. Só há um cuidado a ter: nunca fazê-lo quando chove ou logo após ter chovido. Isso pode determinar uma queda fatal.
Os proprietários de pinhais sabem de uma coisa.
Chegada a altura da colheita da pinha, decidem contratar uns trabalhadores ou dar a colheita de empreitada. Mas nessa altura, já lá foram os assaltantes. Já não existe pinha para negociar.
A solução está em negociar antecipadamente todas as pinhas da propriedade com um terceiro, que se encarrega da sua colheita. Até lá, é ele que vigia o pinhal e vai-se assegurando que não andam por lá ladrões.
