quinta-feira

O TABACO FAZ MAL




De um modo geral, os assaltos a cafés assumem características idênticas às do que se passou no café em Alferrarede, em Abrantes.
Há danos significativos causados pelo arrombamento. Os objectos preferidos são os cigarros, devido ao elevado valor e ao peso e volume pouco significativos.
Os maços de tabaco facilmente são vendidos a receptadores.
Para qualquer comerciante, a venda de cigarros é muito rentável.
Geralmente, a margem de lucro é de apenas 5%. No entanto, por semana, factura-se entre mil a quatro mil euros, senão mais. Tal significa que se ganha uns duzentos a oitocentos euros mensalmente.
Agora se o tabaco for comprado ainda mais barato do que através dos meios lícitos, os lucros disparam. Daí que se acabe por gerar uma convergência de interesses entre estes ladrões e os receptadores.
Há menos de um ano, em Casais da Serra, em Santarém, os gatunos não deviam ter muita convicção quanto àquela ideia de que carregar os maços, leves e pequenos, é coisa simples.
Decidiram mesmo levar a própria máquina distribuidora dos cigarros, de venda automática.
Aquilo até fazia um certo sentido, se fosse para se apoderarem da máquina.
Mas não foi isso. Tratou-se mesmo de dificuldade em abri-la. Depois, abandonaram-na. Um carteiro estava a distribuir as cartas, quando deparou com o insólito. Ali, em plena via pública, pelos vistos, vendiam-se cigarros.
Nem todos os donos de cafés vêem os casos a terminar assim, de modo tão simples.
Muitas vezes, o vidro fica partido durante toda a noite. Depois de os primeiros ladrões se servirem, ainda passam por lá outros, acidentalmente. Aproveitam para retirar o que ainda lá está.
Os estabelecimentos assaltados são quase sempre os mesmos. Os ladrões sabem quais são mais vulneráveis.
Mas é necessário usar dos meios de segurança normais: alarme, vídeovigilância, segurança pessoal por profissionais e gradeamentos.
Certa vez, o dono de um café cansou-se dos assaltos.
Mas ele é que acabou na cadeia.
Montou vigilância, munido de uma caçadeira.
Disparou contra um criminoso e matou-o.
Entretanto, foi libertado. Mas tinha-se gerado uma grande inquietação na zona.
Curiosamente, é uma pequena aldeia onde tem casa de férias uma das mais prestigiadas professoras de Direito Criminal: Teresa Beleza.
Assim, o arguido ficou impedido de reabrir o estabelecimento, por decisão do tribunal. Acabou por alugar o café a um club de motards.
Este modo de combater a criminalidade é o pior de todos. Não é boa ideia pegar na espingarda, que se destina a matar perdizes e coelhos.
Ou não se consegue fazer frente aos ladrões ou, então, acaba tudo mal.
Um homem tinha um rebanho. Todas as manhãs, dava pela falta de uma ovelha.
Decidiu passar a noite, junto aos seus animais. Encontrava-se escondido, mas acompanhado pela sua arma de caça.
Quando se apercebeu da presença de um intruso, não hesitou. Apontou a caçadeira e disparou. O homem teve morte instantânea.
Não era o gatuno.
Ele estava com as calças para baixo. Junto a si, encontravam-se as suas fezes.
Estava somente ali a fazer as suas necessidades.
Um outro caso não foi tão dramático.
Uma jovem senhora, mãe solteira, morava sozinha numa modestíssima habitação social.
Situava-se num local isolado.
À noite, era constantemente abordada por um homem que passava a vida a assediá-la. Ele tocava à campainha, a meio da noite. Chamava por ela. Telefonava-lhe. Tentava abrir os estores das janelas daquele rés-do-chão.
Até que um dia, a jovem estabeleceu um relacionamento amoroso com um outro indivíduo. Rapidamente, passaram a viver juntos, na casa onde ela habitava com os filhos.
No entanto, o tal homem que a incomodava não desistia. Continuava a lá ir, importunando todos.
Pois, numa ocasião, o namorado da senhora pegou na sua caçadeira e tocou a disparar. Mesmo no meio do escuro, acertou-lhe.
Ele foi atingido por alguns chumbos, mas conseguiu meter-se no seu automóvel, em direcção ao hospital.
É claro que já se sabe quem foi a julgamento.