Quem tem filhos pequenos, provavelmente terá visto o filme “Pacha e o Imperador”, animação da Walt Disney, cujo título original é “The Emperor´s New Groove”.
O frívolo Imperador Kuzco pretende assinalar o seu aniversário com uma festa de arromba. Junto ao seu palácio, vai erguer um parque aquático de diversões. Tal implica destruir uma aldeia inteira.
Sucede que o monarca é acidentalmente transformado num lama e perde o título. Nas suas novas vestes de animal, torna-se propriedade de Pacha, um simpático criador de gado. Este habita precisamente na localidade que irá ser arrasada, com vista à construção do parque de diversões.
Estabelece-se uma curiosa cumplicidade entre os dois. O aldeão auxilia o lama a retomar a sua qualidade humana e a reconquistar o trono. O Imperador acaba por edificar o parque noutro local, salvando a aldeia da aniquilação.
Os que conhecem Potsdam, na Alemanha, saberão de uma história real, com algumas semelhanças: o Moleiro de Potsdam.
O episódio é geralmente contado para ilustrar o significado do Estado de Direito ou “rule of law”. Nenhum político está acima da lei. Os juízes encontram-se numa posição de independência em relação ao poder político. São titulares de um órgão de soberania. O juiz pode anular uma decisão de um político, se a mesma tiver violado a lei.
Nos idos do século XVIII, Frederico, o Grande, tinha mandado construir um palácio novo, em Potsdam, denominado Sans Souci.
Acontece que um moinho obstruía a vista, impedindo o rei de apreciar a paisagem, na sua totalidade.
Acutalmente, ainda ali se mantêm as duas edificações: a grandiosa mansão e o pequeno moinho. São verdadeiros ex libris da cidade. Isto apesar dos esforços que o soberano desenvolveu para que o histórico moinho fosse exterminado.
O monarca enviou emissários, com a finalidade de comprar o moinho ao seu proprietário, com vista a uma demolição.
O moleiro mostrou-se renitente. Mesmo perante ofertas avultadas, recusou a transacção.
Posteriormente, o Rei, em pessoa, tentou demover o moleiro. Propôs pagar ainda mais dinheiro ou, em alternativa, mandar construir nas proximidades, um outro moinho, mais moderno e amplo.
A resposta permaneceu negativa:
- Alteza, desde há muito, o moinho pertence à minha família. Tenho o suficiente para viver e não há dinheiro que me leve a desfazer-me dele.
Frederico, o Grande, procurou apelar a argumentos mais poderosos:
- Meu Velho Moleiro, é escusado declinar a minha oferta. Você sabe perfeitamente que eu sou o Rei Todo-Poderoso. Se eu quiser, ordeno o desmantelamento do moinho. Você fica sem ele e sem dinheiro.
O homenzinho não se conformou e respondeu à letra:
- Permita-me discordar, Alteza. Enquanto houver juízes em Berlim, isso não será possível.
O frívolo Imperador Kuzco pretende assinalar o seu aniversário com uma festa de arromba. Junto ao seu palácio, vai erguer um parque aquático de diversões. Tal implica destruir uma aldeia inteira.
Sucede que o monarca é acidentalmente transformado num lama e perde o título. Nas suas novas vestes de animal, torna-se propriedade de Pacha, um simpático criador de gado. Este habita precisamente na localidade que irá ser arrasada, com vista à construção do parque de diversões.
Estabelece-se uma curiosa cumplicidade entre os dois. O aldeão auxilia o lama a retomar a sua qualidade humana e a reconquistar o trono. O Imperador acaba por edificar o parque noutro local, salvando a aldeia da aniquilação.
Os que conhecem Potsdam, na Alemanha, saberão de uma história real, com algumas semelhanças: o Moleiro de Potsdam.
O episódio é geralmente contado para ilustrar o significado do Estado de Direito ou “rule of law”. Nenhum político está acima da lei. Os juízes encontram-se numa posição de independência em relação ao poder político. São titulares de um órgão de soberania. O juiz pode anular uma decisão de um político, se a mesma tiver violado a lei.
Nos idos do século XVIII, Frederico, o Grande, tinha mandado construir um palácio novo, em Potsdam, denominado Sans Souci.
Acontece que um moinho obstruía a vista, impedindo o rei de apreciar a paisagem, na sua totalidade.
Acutalmente, ainda ali se mantêm as duas edificações: a grandiosa mansão e o pequeno moinho. São verdadeiros ex libris da cidade. Isto apesar dos esforços que o soberano desenvolveu para que o histórico moinho fosse exterminado.
O monarca enviou emissários, com a finalidade de comprar o moinho ao seu proprietário, com vista a uma demolição.
O moleiro mostrou-se renitente. Mesmo perante ofertas avultadas, recusou a transacção.
Posteriormente, o Rei, em pessoa, tentou demover o moleiro. Propôs pagar ainda mais dinheiro ou, em alternativa, mandar construir nas proximidades, um outro moinho, mais moderno e amplo.
A resposta permaneceu negativa:
- Alteza, desde há muito, o moinho pertence à minha família. Tenho o suficiente para viver e não há dinheiro que me leve a desfazer-me dele.
Frederico, o Grande, procurou apelar a argumentos mais poderosos:
- Meu Velho Moleiro, é escusado declinar a minha oferta. Você sabe perfeitamente que eu sou o Rei Todo-Poderoso. Se eu quiser, ordeno o desmantelamento do moinho. Você fica sem ele e sem dinheiro.
O homenzinho não se conformou e respondeu à letra:
- Permita-me discordar, Alteza. Enquanto houver juízes em Berlim, isso não será possível.