É um clássico. O marido chega a
casa, um dia antes do que estava previsto. A mulher encontra-se deitada na
cama, com o amante.
Mas este caso é mesmo real e
não terminou nada bem.
Tratava-se de uma moradia de
dois pisos.
Era de noite e a mulher
apercebeu-se da chegada do esposo. Ele só era esperado no final do dia seguinte.
No andar de cima, o amante
apagou a luz do quarto e escondeu-se atrás da porta.
Certamente, o recém-chegado
contava que a senhora estivesse a dormir. Por isso, não acionou o candeeiro.
Abriu a porta dos aposentos e foi logo atingido com uma pancada na cabeça,
desferida pelo terceiro envolvido no adultério.
Com a janela do quarto aberta,
a mulher infiel e o respetivo amante pegaram no marido atraiçoado e lançaram-no
para o jardim. Foi por pouco que a vítima não morreu. Sofreu múltiplas
fraturas, mas não perdeu os sentidos. Impossibilitado de se erguer, rastejou e
pediu socorro.
Os apelos foram ouvidos pela
vizinha do lado, que chamou uma ambulância e alertou as autoridades policiais.
Entretanto, o amante
escapuliu-se.
A vítima esteve hospitalizada
durante meses. O divórcio consumou-se.
PASSARAM-SE ANOS
Alguns anos decorreram até que
me coube julgar os dois arguidos: a mulher infiel e o homem que fora por ela
acolhido, durante a ausência do marido. Acontece que, por essa altura, já esta
dupla não se entendia. Estavam os dois zangados.
O queixoso, que fora atirado
pela janela fora, não recordava grande coisa. Lembrava-se de ter sido agredido
na cabeça e do forte impacto ao cair no solo do jardim.
A mulher dizia que não tinha
feito nada. Realmente, dera pela chegada do marido. Disse ao homem que a
acompanhava para sair da cama. Ignorava o que acontecera posteriormente.
Provavelmente tinha sido o amante a bater no esposo dela e a projetá-lo para a
rua.
O intruso também lavava as
mãos. Quando tomou consciência de que o dono da casa acabara de entrar, saltou
da cama e desapareceu. Nem sequer se cruzou com o marido da senhora.
O caso assumia alguma
dificuldade. Tudo se passara na escuridão. O desgraçado do marido não conseguia
relembrar quase nada.
Findo o julgamento, não hesitei
em condenar os dois acusados. A versão da mulher era inaceitável. Era
impossível não se aperceber de nada. Por outro lado, o depoimento da vizinha
permitiu-me ter a certeza que o amante apenas abandonara o local, após o marido
ter sido atirado pela janela.