terça-feira

LIBERTEM-NO E PEÇAM DESCULPA




Reabriu a cadeia do Aljube, em Lisboa.
Já não serve para colocar presos políticos à sombra.
É atração turístico-cultural, como museu.
Dois talentosos arquitetos conceberam o magnífico espaço. Converteram-no num local a visitar por quem pretende conhecer como atuavam os opositores ao Estado Novo, a forma como a PIDE os perseguia e as celas onde eles amarguravam.
Falta concretizar algo que venho propondo desde que integrei o conselho de gestão do centro de estudos judiciários.
A escola de futuros juízes merece novas instalações condignas, fora da capital.
Assim, fica disponível a antiga prisão do Limoeiro, mesmo em frente ao Aljube. Transforma-se em hotel de charme. Será particularmente adequado para hospedar quem já planeia visitar a nova área museológica, a Sé, o miradouro de Santa Luzia e o castelo de São Jorge, antes de jantar numa das muitas casas de fado de Alfama e seguir em direção ao Chapitô.


FLAMENGO

Como é sabido, Mário Soares esteve preso no Aljube, em diversas ocasiões.
Mesmo privado da liberdade, o político ainda ajudou um belga que estava por lá, esquecido. Algo que sucedia mais frequentemente do que se possa pensar. Eram numerosos os presos sem culpa formada, cujos prazos de detenção eram sucessivamente prorrogados, apenas porque a polícia política não reunia elementos suficientes para submeter o recluso a julgamento.
Pois aquele estrangeiro viera para Portugal, mas permanecera para além do que o seu visto de entrada lhe permitia.
Ao confrontar-se com aquele companheiro de cela, o futuro presidente da República decidiu intervir.
Não fazia sentido nenhum manter o flamengo atrás das grades. Verdadeiramente, as autoridades já nem se deviam lembrar da sua existência. Por outro lado, o homem não era particularmente esperto, parecendo até mentalmente perturbado. Deixara-se ficar enclausurado, sem tomar nenhuma iniciativa.
Soares intercedeu a favor do prisioneiro, que prontamente foi colocado em liberdade, sendo expulso do País.