domingo
O HOMEM NU E A BANHEIRA
Recentemente, foi implantado um monumento ao emigrante português, no concelho da Moita. Mais propriamente na Baixa da Banheira. Representa um homem que deixa Portugal para ir lá fora ganhar a vida. Apesar de se encontrar na Baixa da Banheira, a figura humana está vestida.
O mesmo não se passou em Tondela, com a inauguração de idêntica obra de arte.
O caso deu que falar e foi objecto de reportagens na televisão. Mário Castrim, crítico de TV, aludiu à situação. Reproduziu parte da peça apresentada no Jornal de Domingo. Este era dos programas mais vistos na altura.
FALATÓRIO
O enviado especial da estação pública descreveu o caso:
- Grande falatório em Tondela por causa do monumento ao emigrante. O nu artístico da estátua tem sido contestado por uns e aplaudido por outros.
Depois, deu a palavra a populares.
De um modo geral, os homens não concordavam. Mas por considerarem a representação mal proporcionada.
- Eu aceitava um nu bem à portuguesa, com um ...alhão mesmo à português, pá. Aquilo não é nada, pá. Um miúdo tem uma piroca maior do que aquela que ele tem.
Outros dois cavalheiros estavam indignados:
- Portugal tem mais um monumento, apesar de terem cortado tantas cabeças. Pode ser que as pessoas um dia cortem aquilo, que as pessoas não gostam e ponham outra mais equiparada à dos portugueses.
- Isto é uma figura mutilada. Não corresponde aos órgãos genitais, àquilo que devia ser.
Algumas mulheres mostraram-se desfavoráveis, com outros motivos:
- Havia de estar tapada. Pelo menos da cintura para baixo.
- O emigrante não emigrou nu. Ponham-lhe, pelo menos, a tanga.
- Podiam pôr-lhe umas calças rotas.
Uma senhora manifestou opinião diversa. Parece não se ter importado muito com o tamanho:
- O monumento é lindo. Tem uma força, um vigor, uma energia que representa as pessoas que emigram.
ADÃO E EVA
A Justiça e a nudez sempre mantiveram um relacionamento estreito.
Enquanto trabalhei no Tribunal de Ponte de Sor, tinha, por detrás da minha cadeira, duas figuras: Adão e Eva, a serem expulsos do paraíso. Estão representados nus, sem qualquer parra a cobrir os órgãos genitais. Trata-se uma lindíssima e enorme tapeçaria de Portalegre, que embeleza a sala de audiências.
Há pouco tempo, os que andam despidos em locais públicos foram alvo de cobertura, mas pela comunicação social. A propósito de Zé Maria.
Cada vez é dada menos importância legal à questão.
Num domínio algo diferente, falemos da parafilia do exibicionismo. É uma doença que, normalmente, não implica perigo para a liberdade sexual da vítima. Trata-se de indivíduos que andam de gabardina, sem calças nem cuecas. Ao avistarem uma pessoa, mostram repentinamente o órgão genital. A excitação é proporcionada ao chocar-se o observador. Geralmente não há posterior tentativa de actividade sexual.
Os que mantêm relações sexuais em praias, piscinas ou outros lugares públicos e sejam vistos por um estranho podem ser condenados até um ano de prisão. Nesse caso, irão para cadeias diferentes. Durante algum tempo, já não podem repetir a graça.
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