Está a circular um abaixo assinado na Internet, que já conta com a subscrição de alguns portugueses.
“Um japonês, em Nova Iorque, produz e vende gatos, a que chama bonsai cats. Encerra gatos de tenra idade em frascos, onde viverão fechados em permanente tortura, recebendo comida por um tubo e vertendo a urina e as fezes por outro. O gato acaba por adquirir a forma do frasco”. É este o texto de protesto.
Os interessados são encaminhados para a página que o estranho criador disponibiliza na Internet (bonsaikitten.com). Aí, ele comercializa os gatos em curiosas formas e vende materiais para se produzir um do género em casa.
Estas experiências baseiam-se na arte oriental das árvores bonsai e na banida tradição de modelar os pés das meninas de forma a que permaneçam em dimensões reduzidas.
As bonsai são árvores em miniatura que são mantidas de acordo com determinados formatos em vasos, mediante cuidados especiais quanto à água, ao oxigénio, à luz e aos nutrientes. Surgiram na China e , desde o século XII, são muito populares no Japão.
Contudo, há uma diferença fundamental. A arte bonsai envolve um ser vivo, mas não implica nenhum sofrimento. Trata-se de exercer a hortofloricultura como em qualquer outra situação.
Relativamente aos animais, existe alguma dose de sofrimento e dor, por serem dotados de cérebro e nervos sensíveis.
O meu Golden Retriever já teve uma otite e nem podia ver o veterinário com o algodão na mão. Associava o tratamento a dor.
Portugal conta com um sistema legal importante contra os maus tratos a animais.
Em 1993, foi assinada a Convenção Europeia para Protecção dos Animais. Desde então, têm saído várias leis sobre a matéria.
Há restrições quanto ao uso de chicotes, utilização em espectáculos, alojamento em lojas e abandono.
Os defensores dos direitos dos animais apontam três questões basilares que mereceriam desenvolvimento: o uso para fins recreativos com sofrimento (touradas e tiro aos pombos), o abate de animais errantes e a falta de adequada punição para os infractores.
Eu já tenho tido casos de pessoas que envenenam o cão do vizinho ou que contra ele disparam. Ora o bicho é considerado pela lei penal como sendo um bem tal e qual outro qualquer. A pena é a mesma para quem parte um vidro ou mata um gato de estimação.
É natural que os portugueses se indignem com a actividade do japonês que vende felinos em formas originais e que os denomina gatos bonsai.
No entanto, podemos estar relativamente descansados.
Ele não produz gatos bonsai. É tudo falso. São exibidas várias fotografias, com frascos, tubos e gatinhos recém nascidos. Descreve-se o processo de criação do animal. Mas não há uma única imagem do produto final. E mesmo que existisse, restava saber se não seria uma montagem.
Já em 2001, o jornal USA Today informara os seus leitores de que se tratava de uma brincadeira de mau gosto. O FBI investigou e chegou a essa conclusão.
Há duas teses. É uma provocação para criar sentimentos racistas. Ou então destina-se a reflectir quanto às modificações sobre a natureza.
