quinta-feira

ROUBO NO AEROPORTO




O aeroporto da Portela, em Lisboa, é um mundo fascinante.
Os jornais relataram vários casos de pessoas que ali vivem permanentemente. Fizeram-no a propósito do filme protagonizado por Tom Hanks: O Terminal.
Em Janeiro de 2005, uma câmara de vigilância captou imagens curiosas.
Um agente policial uniformizado envolveu-se em carícias íntimas com uma passageira. Ele abandonou o seu posto de trabalho e encerraram-se os dois numa casa de banho.
Ainda está por resolver o mistério de alguns desaparecimentos de mercadorias.
Há revistas e outras publicações que são despachadas por via aérea para a Madeira e para os Açores. Quando lá chegam, já vão sem os brindes respectivos, como discos, livros, camisolas ou guarda chuvas.
Aqui há tempos, foi levado a julgamento um caso interessante, no Tribunal do Trabalho.
A TAP despediu um funcionário meio honesto, meio vigarista.
Se ele tivesse sido totalmente sério, nada lhe teria sucedido com certeza. Mas se fosse completamente ladrão, também provavelmente escaparia.
Um passageiro colocou a sua bagagem num carrinho de transporte. Dirigiu-se ao balcão de check in e aguardou a sua vez na bicha. Entregou à assistente o seu bilhete, o passaporte e a mala de viagem destinada a ir no porão da aeronave. Recebeu o cartão de embarque e deixou ali o carrinho.
Esqueceu-se completamente de levar dois objectos que iria transportar consigo na cabina. Era uma pequena mala e um casaco de camurça, de boa qualidade.
Foi, entretanto, tomar um café. Aguardava que os painéis exibissem qual a porta de embarque a que se deveria dirigir.
Um empregado da transportadora aérea viu o carrinho ali abandonado.
A decisão dele foi peculiar. Encaminhou-se para a secção de perdidos e achados. Contudo, aí só entregou a mala de viagem. Resolveu ficar com o blusão de camurça para si. Era daqueles dispendiosos.
O passageiro verificou que lhe faltavam as coisas que tinha deixado no carrinho.
Dirigiu-se exactamente à mesma secção de perdidos e achados. A mala foi-lhe logo entregue. Mas do casaco nem sinal. A empregada recordava-se perfeitamente de quem tinha deixado lá a mala encontrada ao abandono.
Um agente da polícia localizou o funcionário em causa. Ele tinha em seu poder o blusão. É claro que insistiu que lhe pertencia a ele. Com certeza o passageiro estaria a fazer confusão e até poderia ter uma peça de vestuário semelhante.
A desculpa nunca pegaria, porque não era o seu tamanho.
Provavelmente, o grau de confiança deste homem era grande.
Em primeiro lugar, esperava que o passageiro não insistisse muito em localizar o casaco. No meio do azar, ele já se daria por contente em recuperar a mala de viagem.
Mesmo que ele se queixasse, o funcionário diria que apenas encontrou o carrinho com a mala. Não tinha visto nenhum blusão.
O problema foi ter sido apanhado cedo demais.
Talvez ele tivesse devolvido a mala apenas para não dar muito nas vistas. Era mais fácil apropriar-se do casaco se, ao mesmo tempo, pegasse na mala para entregá-la no balcão de perdidos e achados.