sábado

FAZER AQUILO ALI


Prostitutas e vinho verde: é a vida ideal de alguns.
Em princípio, haveria quatro realidades que estariam afastadas das prisões: telemóveis, droga, bebidas alcoólicas e sexo. Os reclusos não teriam acesso a tais aspectos da vida.
Na verdade, o que se passa é o contrário.
Há telemóveis por todo o lado.
Os estupefacientes são consumidos por uma grande parte dos presos. Algumas cadeias dispõem de uma determinada ala livre de drogas. Mas essas zonas constituem oásis excepcionais no meio prisional.
Quanto a bebidas alcoólicas, transacciona-se vinho e destila-se uísque.
Relativamente ao sexo, há dois aspectos bem claros.
As práticas homossexuais campeiam.
Por outro lado, muitos dos estabelecimentos dispõem de um quarto onde são proporcionados encontros com o cônjuge, em condições especialmente autorizadas. Beneficiam sobretudo os reclusos com grande parte da pena já cumprida e bem inseridos no sistema de reinserção.
Esta último privilégio é relativamente recente. Mas sempre se soube de encontros ilegítimos com pessoas do sexo oposto.
Fundamentalmente, homens presos conseguem ser visitados por senhoras, em condições de grande intimidade.
Noutros casos, o encontro sexual dá-se no exterior da prisão.


SERVIÇO

Nesse aspecto, é interessante ler a obra “A Tua Amiga”.
A autora é uma jovem que se iniciou na prostituição ainda na menoridade. Foi mantendo um blogue na Internet, relatando as suas experiências.
Actualmente, conta vinte anos de idade. Deixou a mais velha profissão do mundo e dedica-se a participar em filmes pornográficos.
Entretanto, publicou este livro, onde reuniu os seus escritos.
Nos seus tempos de prostituição, Maria Porto inseria anúncios no jornal, publicitando os seus serviços.
Certa vez, recebeu um telefonema de um guarda prisional da cadeia de Custóias.
Um detido pretendia ser atendido por ela, num serviço domiciliário. De modo que a relação sexual deu-se na cela do recluso. Segundo a prostituta - que até apreciava, por vezes, a sua actividade - ela própria ficou excitada pelo “facto de estar a fazer aquilo ali”.
O preço foi mais elevado do que o habitual e, certamente, o guarda prisional também foi recompensado pela especial colaboração.
Trata-se, portanto, de um serviço só acessível a reclusos com alguma capacidade económica.
Otelo Saraiva de Carvalho esteve longos anos preso, no âmbito do processo FP-25. Depois de ter sido libertado, ele relatou que durante o período de encarceramento era hábito manter relações extra-conjugais com pessoas do sexo feminino.