quinta-feira

ESMAGAMENTO




Esta coisa de chamar porco a alguém pode terminar mal.
Há dias, passei por uma situação grotesca.
Junto da minha casa, abriu uma nova churrasqueira. De acordo com os folhetos distribuídos nas caixas de correio, os clientes poderiam contar com frango assado, febras e uma série de variedades de porco preto.
É um estabelecimento pequeno e familiar. Mãe e filha encontram-se ao balcão, enquanto o pai vai tratando dos grelhados.
Entrei, cumprimentei os presentes e indaguei junto da jovem balconista:
- O que há de porco preto?
A rapariga não deveria estar muito segura. Virou-se para a progenitora e disse:
- Mãe, vai chamar o Pai.
Bom… eu só tinha pedido porco preto.
Fez-me lembrar aquela anedota da mãe que ralha ao filho mal-comportado:
- Ai tu queres tourada? Queres tourada? Eu vou chamar o Pai.
Onde as coisas acabaram mesmo mal foi em Abrantes, aqui há dois anos.
Era já de noite e um idoso de 83 anos dava o seu passeio higiénico, junto ao Bar 1640.
Ali na zona, encontrava-se uma senhora, que já estava embriagada. Desde manhã que ela andava metida na cerveja e no vinho. A criatura ocupava o interior de um automóvel.
Quando avistou o tal homem de idade, ela saiu da viatura e chamou a atenção do peão, precisamente utilizando o vocábulo “porco”, dirigindo-se a ele.
Depois, a mulher desatou à bofetada, até alguns populares a afastarem.
Infelizmente, a criminosa não desistiu.
Meteu-se no seu veículo e seguiu em perseguição do idoso. Ele caminhava sobre o passeio, mas a condutora não hesitou. Galgou-o e esmagou o peão contra a parede. Depois, ainda passou com as rodas por cima do indivíduo.
É claro que o matou.
Aquando do julgamento, a arguida veio dizer que só queria aleijar o senhor. Mas como não era muito habilidosa a conduzir, acabou por, lamentavelmente, provocar o seu óbito.
Tal desculpa não resultou.