quinta-feira

METE ÁGUA


Eu cá não sou de intrigas.
Mas discordo. Acho que o vidro devia ser já partido. Mesmo antes de haver um “incendio”, seja ele com ou sem acento circunflexo. E, sobretudo, antes de ocorrer alguma vistoria dos bombeiros.
Eu cá partia já para a decisão de quebrar a vidraça.
Substituía-se logo por um vidro novo. Corrigia-se a ortografia. Acrescentavam-se as preposições “em” e “de”. Expurgava-se a palavra “somete”. Lá ficava correctamente protegida e assinalada a mangueira, que, certamente só mete água.
O problema é que não somente a mangueira mete água.
Também mete água a Prosegur, que andou a verificar os meios de prevenção e combate aos incêndios, certificando que tudo se encontrava bem.
Mas não tratou de confirmar se a caixa em causa continha um dístico devidamente redigido em bom português.
Com mil diabos, esperava-se que o empregado da Prosegur tivesse um par de vidraças mais atentas.
Somete” até é um vocábulo português. É conjugação do verbo someter, tão-somente sinónimo de submeter. Somente acontece que isso nada tem que ver com o caso da quebra de um vidro, em caso de incêndio. Isso é outro caso. Faltava só meter a letra n e ficava tudo bem. Por mim, eu someto o caso à apreciação dos bombeiros e da protecção civil municipal.

(Zara, Almada Forum, 11 de Novembro de 2009)