sexta-feira

IN TREATMENT












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Quem tem o mau gosto de exibir uma carrinha funerária para venda na estrada deveria era ir-se tratar.
Mas quanto a este caso, é o próprio comerciante que faz os tratamentos. Agora, afixou uns papéis com o seu número de telemóvel, dizendo “Trato”.
Não chega a ser um tratante. Mas é um cavalheiro a quem falta uma boa dose de fino trato. Não desiste de tentar encontrar comprador para a carripana, colocando-a numa rotunda onde circula muita gente. Trata-se de um caso de grande obstinação.
Anteriormente, ele era mais directo. Os anúncios afixados apresentavam o vocábulo bem claro “Vendo”, seguido dos contactos telefónicos. Era mesmo insólito ver a estrada transformada em stand de comercialização de um auto-fúnebre. Só vendo…
Vendo bem, não será fácil concretizar algum trato com um profissional do ramo. A viatura tem 18 anos. Um agente funerário que se trate bem não vai querer um veículo tão antigo.
Vai ser um suplício despachar a carripana. Ele ainda vai passar por tratos de polé até tratar de vender a carreta.
Mudados os papeluchos, o sujeito deve pensar que tratou de escapar à punição por venda ambulante sem licença. Como se fosse preciso que os comerciantes de fruta ou batata pusessem uma tabuleta a dizer “vendo”, por forma a que se compreenda o que eles fazem à beira da estrada.

(EN 10, Quinta do Conde, 12 de Março de 2010)