Aqui há uns anos, o golpe atingiu vários incautos. Nunca recuperaram o seu dinheiro.
Desde há algumas semanas, um burlão tem-se dedicado ao mesmo conto do vigário, de modo mais sofisticado.
Ele publica anúncios na secção de classificados, em jornais diários.
O reclame propõe a venda de um carro. Os dados são, invariavelmente, iguais. Surge uma fotografia do veículo. É indicado o ano de fabrico e o tipo de combustível. Para conferir credibilidade, o número de quilómetros percorridos é referido sem arredondamento. Por exemplo, 61 800 Km. Quanto ao preço, menciona-se um montante inferior ao valor real, também sem aquele arredondamento: € 11 700,00, por hipótese.
Um outro elemento é também constante.
Não se inclui nenhum número de telefone. O vigarista apenas divulga um endereço de correio electrónico. O e-mail é composto por nome próprio e apelido portugueses, compreendendo por vezes um número.
Os ingénuos atraídos pelo baixo preço entram em contacto com o criminoso.
Como resposta, recebem uma mensagem explicando o negócio.
O aldrabão afirma ser um compatriota nosso, que perdeu o emprego e foi viver para Inglaterra. Levou consigo o seu automóvel, que agora pretende vender. Por um lado, como se trata de um veículo português, não tem o volante à esquerda, como os britânicos. Depois, ele ainda não arranjou trabalho e necessita de dinheiro. Daí o valor da transacção ser muito vantajoso para o comprador. Este apenas terá de pagar as despesas de transporte do carro, de volta a Portugal.
O pretenso vendedor exige o pagamento de uma entrada, mediante transferência bancária.
É claro que não existe nenhuma viatura. O interessado procede ao pagamento e nunca mais ouve falar do automóvel. Como o dinheiro é depositado numa conta estrangeira, torna-se muito difícil agir criminalmente contra o burlão.
