sábado

QUINTA-ESSÊNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA























Eu não sei quem é o dono deste condomínio.
Desconheço se a Quinta é efectivamente da República do Peru ou de qualquer outro país da América do Sul, onde não se fale português.
O que eu sei é que o publicitário amador não sabe escrever em língua portuguesa.
Lamentavelmente, esta transgressão à ortografia não dá multa.
Todavia, o cartaz é completamente ilegal. Foi instalado clandestinamente, na berma da estrada, em total evasão às taxas municipais. Como uma quinta-coluna, o reclame à Quinta do Peru foi espetado furtivamente, sem licença nem pagamento das tarifas camarárias.
Obviamente, isso não é o mais grave.
O pior é mesmo a forma precipitada como o anúncio foi elaborado. O respectivo autor engatou a quinta, fez aquilo tudo em grande velocidade, à pressa, escrevendo conforme lhe apetecia e ficou nas suas sete quintas.
Na escola que ele frequentou, ensinariam que Peru é palavra que não é acentuada? Não faziam redacções sobre o Natal e o tradicional galináceo? Ou ensinavam e ele foi o único que não aprendeu?
Será que este publicitário fictício fez o cartaz depois do almoço e estaria com uma valente perua?
Não há dúvida. O cavalheiro sabe tanto de Português como eu de Quíchua, a língua nativa do Peru.

(Vila Amélia, Quinta do Conde, 7 de Maio de 2010)