São múltiplas as anedotas sobre o primeiro dia de aulas. Assim como há numerosas histórias verídicas, que recordam esse momento marcante.
No domínio da fantasia, havia aquela do rapaz, filho de um revisor de comboios. O pai circulava entre as várias carruagens, solicitando a exibição dos bilhetes. Por isso, não admira que o pequeno ficasse surpreendido com aquelas velhas carteiras de madeira e manifestasse o seu espanto:- Estou eu na 1ª classe e os bancos são de pau?
Segundo uma outra piada também antiga, a professora pediu a cada um dos alunos que dissesse o seu nome.
- Paulinho – anunciou logo o primeiro.
Tolerantemente, a docente explicou:
- Isso é lá em casa. Aqui na escola, és o Paulo.
O colega do lado adiantou-se, de imediato:
- Senhora Professora, lá por casa chamam-me Agostinho. Mas aqui eu sou o Agosto.
Vem isto a propósito de uma gralha que se encontra no interessantíssimo livro “Traição a Salazar”, recentemente editado e redigido por José António Barreiros. A obra reporta-se aos tempos da II Guerra Mundial.
A polícia política era a então PVDE, dedicada à vigilância e defesa do Estado. Antecedeu a tenebrosa PIDE.
No livro, figura um retrato do seu director, com a seguinte legenda: “Capitão Agosto Lourenço da Conceição Fernandes: director da PVDE”.
Na realidade, trata-se de Agostinho Lourenço da Conceição Fernandes.
Agosto até é nome de algumas pessoas. Mas como apelido de uma família algarvia. Aliás, uma consulta à lista telefónica esclarece que, em Boliqueime, reside um senhor chamado Agostinho Fernandes Agosto.
Contudo, não era esse o caso do líder daquela corporação policial. Durante o conflito internacional, os britânicos bem tentaram seduzir Agostinho Lourenço a abandonar as suas simpatias germanófilas, mas sem sucesso. Depois, procuraram que Salazar o exonerasse, mas igualmente não conseguindo os seus intentos.