São conhecidos vários casos de amor envolvendo Salazar.
Apenas uma dessas mulheres ainda é viva.
Trata-se de Margarida Melânia do Botelho, cujo pai
convivia com o presidente do conselho. A filha de José Honorato perdeu-se pelo
ditador.
Ainda adolescente, quando o político já atingira 75
anos, telefonava-lhe frequentemente e visitava-o. Numa carta, revelou que D.
Maria, a governanta de São Bento, nem sempre lhe facilitava as comunicações.
Dizia a jovem de 20 anos:
Meu
Único Amigo,
Fiquei
tão triste por o não ouvir.
Tenho
a sensação que me compreende, penso que o vejo como meu noivo.
Está
zangado comigo? Tenho tanto medo, é tão importante, não esteja, porque gosto
tanto de si.
Nunca
tem saudades minhas?
Quando
estiver farto de mim diga-me.
Um
beijo cheio de ternura da
Guidinha.
AMOR VIRTUAL
Um outro professor de Direito, também ele político,
recebeu uma carta de amor, mas de alguém que apenas o conhecia da televisão.
Apessoado, impecavelmente vestido, de ar distinto,
falando sempre com ponderação e demonstrando segurança, era o líder
partidário mais jovem do Portugal democrático.
Certamente despertou muitas paixões e delas não tomou
conhecimento.
A mãe de uma amiga minha nutria admiração profunda por
ele. Por mais do que uma vez, à noite, com o marido ao lado, inadvertidamente pronunciou
o nome do ídolo, quando ele lhe surgia nos sonhos. Movendo-se entre os lençóis
e transpirando ligeiramente, chamava: “Diogo!”.
Pois certa ocasião, uma rapariga, que provavelmente teria
momentos oníricos semelhantes, decidiu escrever a Freitas do Amaral. Não
escondeu o que ansiava:
“Estou consigo,
Sr. Professor. Use-me para tudo o que quiser. Para tudo, percebe? Use-me, Sr.
Professor”.