Os cafés e tabernas são locais de convívio por excelência um pouco por todo o país.
São um ponto de encontro conveniente, onde se pode ler o jornal, ver televisão e conversar. Procura-se sempre um pretexto para permanecer mais um pouco de tempo. Pode ser a praticar snooker, mas também ficar em redor de uns copos de bebidas alcoólicas ou a jogar em máquinas mais ou menos sofisticadas.
É necessária a máxima atenção. Um amigo oferece uma bebida e nem sempre é fácil recusar. Mas quando se consome álcool em excesso, nunca, mas nunca se deve conduzir.
JOGOS DE VÍDEO
Quanto aos jogos, tudo está bem enquanto se estiver perante uma máquina de vídeo, que apenas permite passar uns minutos entretido.
Caso se trate de um jogo que atribua prémios em dinheiro, essa actividade é ilegal.
Um sério problema coloca-se aos donos dos estabelecimentos. Todos sabem que os cafés onde tais jogos existem são mais frequentados. Por isso, alguns proprietários não resistem à tentação. Mesmo sabendo que cometem um crime, aceitam explorar jogos de azar com prémios pecuniários. O objectivo principal não é facturar com o jogo em si, mas atrair clientela.
Por vezes, gera-se uma reacção semelhante àquela que tiveram as “mães de Bragança”. As mulheres ficam cansadas de ver os maridos a gastar dinheiro nesses jogos e fazem denúncias às autoridades policiais. Uma série de comerciantes são levados a julgamento.
Os donos dos cafés só têm a ganhar se banirem de vez os jogos a dinheiro. A concorrência é leal e atraem-se os fregueses de outros modos: jornais, SportTV e bons petiscos.
FUTEBOL, POLÍTICA E AUTOMÓVEIS
Os temas de conversa acabam por constituir o factor que mais fideliza os clientes. Futebol, política e automóveis são provavelmente os assuntos mais debatidos. Gosto sempre de ouvir estas tertúlias.
No que toca aos veículos, os mais conhecedores são os camionistas.
Os veículos pesados devem sempre estar dotados de um tacógrafo. É um aparelho que regista os tempos de viagem, de repouso e as velocidades atingidas pelo veículo. Tem um duplo interesse. Serve para verificar se as normas do Código da Estrada são respeitadas. Por outro lado, permite averiguar se as regras laborais são ou não observadas, nomeadamente quanto aos períodos máximos de permanência ao volante.
Ora quando se está no café, entre profissionais da estrada, ouve-se frequentemente falar dos métodos para adulterar o funcionamento dos tacógrafos.
A técnica mais conhecida é a do “disco roubado”.
O tacógrafo marca, através de uma agulha, a velocidade num disco em cartolina. Quanto maior for a rapidez, mais a agulha se desvia do centro do disco, procedendo ao registo tal como um sismógrafo.
Ora se por cima do disco original for colocado um outro, com um orifício grande ao meio, com recortes irregulares, a agulha atinge o segundo disco e não prossegue a sua marcha, apenas registando uma determinada velocidade, mesmo que o veículo circule muito mais rapidamente. No caso de surgir a autoridade, o camionista limita-se a retirar o disco superior.
Uma estratégia para evitar a marcação de muitas horas de condução é a colocação de um “alentejano”. Trata-se de um interruptor, que desliga o tacógrafo, fazendo crer que o motorista esteve em repouso, quando na realidade, o veículo circulava.