domingo

UM JULGAMENTO CÉLEBRE




Trata-se de um Homem de convicções firmes, mas conhecido pela sua tolerância. É muito admirado por pessoas de todos os quadrantes políticos.
Desempenhou um papel vital na consolidação da democracia portuguesa. Atraiu para a vida democrática um importante sector da sociedade portuguesa, habituado a viver perante regras diferentes.
Num momento histórico das Nações Unidas, desempenhou um cargo que muito honrou todos os portugueses.
Pela segunda vez, é Ministro dos Negócios Estrangeiros.
O Professor Freitas do Amaral é igualmente uma pessoa de cultura.
Brilhantíssimo aluno – como, mais tarde, veio a ser docente de excepção -, nas vésperas dos exames da Faculdade, costumava assistir a espectáculos.
Ele próprio viria a redigir uma peça de teatro, que obteve enorme sucesso: o Magnífico Reitor.
Diogo Freitas do Amaral desempenha, agora, as suas altas funções nas Necessidades.
Era aí que o Rei D. Carlos jogava ténis, com os amigos mais íntimos.

TEATRO

Na passada quarta-feira, nesse mesmo local, estreou uma peça de teatro, cuja acção decorre na estufa circular.
O cenário é um julgamento célebre. Terminou com a condenação à morte do réu. O caso é verídico e ocorreu no ano de 399 antes de Cristo.
A peça intitula-se “Os Últimos Dias de Sócrates”.
Naturalmente, refere-se ao grande filósofo grego, o cidadão do mundo que só sabia que nada sabia.
É admirável a naturalidade com que três actores do Teatro da Trindade irão contracenar num local com aquela dignidade e simbologia. É revelador de um grande espírito de abertura.
Não há qualquer susceptibilidade quanto ao título da peça. É a demonstração de que não existe preocupação com questões de pormenor, que seriam absolutamente irrelevantes.

PRIMEIRO-MINISTRO

Aqui há uns tempos, relatei que o então primeiro ministro Álvaro de Castro se bateu em duelo com o capitão aviador Ribeiro da Fonseca. Mas não mencionei onde se deu o combate.
Ambos eram militares e as armas não eram simples espadas. Foram utilizados sabres.
A disputa foi ganha pelo chefe do Governo. O seu adversário foi gravemente atingido. Salvou-se graças à intervenção dos médicos presentes.
À data, os duelos eram ilegais. No entanto, ainda se praticavam correntemente, para defender questões graves de honra.
Envolvendo uma figura tão ilustre, o local da contenda não poderia ser um sítio qualquer.
Tinha de ser um lugar relativamente recatado.
Pois o duelo decorreu precisamente na Tapada das Necessidades.
Mesmo assim, foi presenciado por muitos jornalistas e populares.
O almoxarife da Tapada das Necessidades sentiu-se numa posição muito delicada.
Teve de elaborar um relatório, que remeteu à Direcção Geral da Fazenda Pública.
Contudo, foi discreto. Disse que o local tinha sido ocupado por uns estranhos e que ali ocorrera um duelo.
O Director Geral leu o ofício e cumpriu o seu dever.
Enviou-o à entidade competente para tomar a decisão adequada: o próprio Primeiro Ministro Álvaro de Castro...