sábado

INCENDIÁRIOS




"Pessoas que fazem o que vocês fizeram têm de estar dentro, porque são uma ameaça para a sociedade", advertiu a juíza.
"Espero que consigam interiorizar o mal que fizeram e se lembrem que, se estão sem liberdade, um rapaz de 19 anos está sem vida".
Assim relatava o Diário de Notícias o final de um julgamento em que três amigos, entre os 19 e os 21 anos, foram condenados.
Efectuaram um assalto há um ano atrás: precisamente no feriado de 10 de Junho de 2004.
Um ano depois, conheceram a sentença. Ficaram a saber quanto mais tempo irão passar na cadeia.
Eles tinham-se apoderado de um BMW em Ermesinde. Vieram a cometer o crime principal em Braga.
Naturalmente, esta matéria relaciona-se com aquilo que comentei na semana passada: a juventude dos arguidos.
Como referi, o grau de confiança que o juiz pode depositar num jovem nunca pode ser muito elevado.
Por isso, se suspender a pena de prisão, deverá tomar as devidas cautelas. Em princípio, deverá estabelecer o regime de prova.
No entanto, em determinados casos, a juventude pode levar a uma pena mais branda.
Foi o que sucedeu no início da década de noventa, em Abrantes.
Um rapaz de dezasseis anos de idade foi levado a julgamento.
O caso não era para brincadeiras: era acusado de atear nove incêndios em pinhais.
Rapidamente, ele foi apanhado.
É que o modo de actuar era assaz original.
Comprava vários maços de SG Gigante. Espetava fósforos nos filtros dos cigarros. Depois, deitava fogo aos cigarros, que lentamente se iam consumindo. Quando o morrão se aproximava do filtro, os fósforos incendiavam-se.
Enfim, uma forma de deixar a sua assinatura…
Ainda por cima, deslocava-se de bicicleta, de modo relativamente lento e dando nas vistas.
Foi só saber quem andava a comprar tantos maços de tabaco.
A pena foi de dois anos de prisão.
A especial atenuação deveu-se precisamente à idade do criminoso.
Nesta matéria, há que ter alguma prudência quando se trata de agarrar o incendiário.
Aqui há uns anos, numa localidade do Norte, um incêndio encontrava-se a ser combatido.
Um jovem de dezanove anos deteve-se, quando passava pelo local. Fazia-se transportar numa mota.
O Comandante dos Bombeiros apercebeu-se de que ele se encontrava atrapalhado. Mas as dificuldades resultavam precisamente de ele não poder prosseguir a sua marcha e de se encontrar muito próximo das chamas.
O homem empurrou o jovem para o chão e colocou-lhe a bota em cima da cabeça, acusando-o logo ali de ser o incendiário.
Pela noite, deu uma entrevista à rádio local. Disse que tinha capturado o criminoso, descrevendo a sua mota vermelha.
É claro que o caso terminou em tribunal.
Só que o arguido era o Comandante dos Bombeiros. Por difamação.
O caso terminou com um acordo.
Foi apresentado um pedido de desculpas por escrito, publicado em vários jornais.