quarta-feira

AZAR COM A MOTA




Ele há acidentes de viação danados…
Também se verificam acidentes de trabalho do pior…
Do mesmo modo, surgem acidentes de caça mesmo funestos…
E há com cada ataque cardíaco surgido nas circunstâncias mais desgraçadas…
Agora imagine-se tudo isto junto.
Pois, aqui há uns anos, um guarda florestal ia a conduzir uma motorizada, com a sua caçadeira atrás.
Causou um acidente tal que um colega dele foi atropelado, levou com a espingarda e morreu de enfarte do miocárdio.
O sol já se tinha posto. Os dois guardas florestais tinham marcado um encontro, para irem vigiar reservas de caça.
Ora o primeiro a chegar foi o infeliz que perdeu a vida.
Ficou na berma da estrada, aguardando pelo colega.
Quando o outro indivíduo vinha a chegar, distraiu-se e não deteve a mota. Embateu no colega, derrubou-o e partiu-lhe as duas pernas.
Pior: a caçadeira soltou-se. A coronha atingiu seriamente o ombro esquerdo da vítima.
No meio disto, o que foi atropelado não aguentou. Foi acometido de um ataque cardíaco.
Ainda esteve internado durante mais de três meses. Mas faleceu no hospital, após um longo sofrimento.
Do ponto de vista legal, deu origem a um processo judicial com amplas discussões. Era morte causada por acidente de viação e a companhia de seguros do veículo deveria ser condenada? Seria acidente de trabalho, com direito a indemnização pela seguradora respectiva? Tratava-se de doença de alguém que não era inteiramente saudável?
A sentença foi clara: era simultaneamente um desastre de viação e acidente de trabalho. Assim, foram condenadas as duas companhias de seguros: a da motorizada e a que emitira a apólice por acidentes de trabalho.


INSTRUTOR

Um certo indivíduo, num momento de aflição, pensou que a sorte lhe bateria à porta, devido a guiar motas. Lembrou-se de dizer que era motociclista profissional, ao serviço do mais alto magistrado da Nação.
Vou contar o que se passou.
Uma senhora não tinha grande jeito para conduzir. Mas só não possuía carta de condução porque não queria. Foi honesta e séria.
As aulas de condução não tinham grande resultado e ela mostrava-se pouco capaz de se apresentar a exame. O instrutor disse-lhe que a coisa se resolvia com duzentos euros, para serem entregues ao examinador.
A aluna fingiu concordar com o esquema.
Mas correu a avisar a Polícia Judiciária.
No dia do exame, ela não fez de propósito. Mas, efectivamente, estava nervosa e cometeu dois erros. Qualquer um deles determinaria a reprovação.
A questão é que, efectivamente, ela entregara ao seu instrutor um envelope contendo os tais duzentos euros, em numerário. Os números de série das notas já tinham sido anotados pelos agentes policiais. Além disso, tinham sido preparadas para serem identificadas com aplicação de um reagente.
O instrutor também era tão vigarista como o funcionário da DGV. Tinha dito à aluna que o dinheiro era para entregar ao examinador.
Mas guardou cem euros para ele. Entregou idêntica quantia ao examinador.
O resultado foi comunicado à aluna: já era encartada.
Ali perto, discretamente, andavam os inspectores da Polícia Judiciária.
Já chegara a hora do almoço. O funcionário dirigia-se ao restaurante onde costumava ir diariamente.
Apercebeu-se de que estava a ser seguido.
Abriu a carteira, retirou as notas que lhe tinham entregue e atirou-as para o meio de uns arbustos.
Foi, de imediato detido.
Seguiu-se a prisão do instrutor de condução. Esse tinha as notas com ele. Ainda disse que era uma pessoa muito séria e que até já tinha sido motociclista profissional, integrando a escolta ao Presidente da República.