segunda-feira
FALSIFICAÇÃO
É curioso o caso de Kim Jong Nam. Ele é filho do líder norte-coreano Kim Jong Il, o todo-poderoso ditador que está apostado em transformar a sua nação numa super-potência nuclear, apesar de a esmagadora maioria da população viver em condições miseráveis.
Ora Kim Jong Nam tem vivido durante algumas temporadas em Macau, a cidade outrora sob administração portuguesa e integrada agora na China.
Segundo consta, ele seria portador de um passaporte português, supostamente emitido pelo nosso consulado instalado naquele território.
A verdade é que o cônsul veio afirmar categoricamente que um tal documento nunca foi concedido a Kim Jong Nam. Portanto, se ele existe, é falso.
Tal não me surpreenderia.
Os passaportes apresentam cada vez mais elementos de segurança, que dificultam a sua reprodução apócrifa.
Mas os norte-coreanos já demonstraram serem uns mestres em matéria de falsificação.
Trata-se de um caso pouco conhecido e que, um dia, poderei desenvolver mais detalhadamente.
Desde 1989, foram detectadas notas falsas de dólares norte-americanos, de elevadíssima qualidade, que circulavam um pouco por todo o mundo. Era notório que não seriam fabricadas em qualquer garagem clandestina, com uma máquina de off-set que não fizesse muito ruído. Tinha de ser algo fabricado por pessoas com enorme poder e que gozassem de uma imunidade extraordinária.
Eram os norte-coreanos.
Para colocar em circulação as notas falsas pelo mundo inteiro, também se impunha o recurso a indivíduos e instituições de peso.
A CIA colocou-se em campo e, durante anos, investigou todas as acções.
Em 2005, conheceram-se os resultados.
Uma das figuras de maior destaque era Sean Garland, o político irlandês que foi acusado de transportar elevadas quantidades de notas falsas.
O Banco Delta Ásia, em Macau, aceitou depósitos em numerário de quantias avultadíssimas, com recurso às mesmas notas.
Conheço bem Macau, pois vivi lá durante a administração portuguesa.
Até existe uma certa ideia de que, em Macau, as falsificações são mais do que muitas.
Certa vez, eu fui alvo de uma brincadeira de mau gosto, em Portugal.
Um indivíduo andou a dizer que eu teria cometido uma falsificação em Macau. Isso é completamente falso.
Não tive dificuldade em saber quem contara essa mentira.
Era um homem licenciado em Direito, insatisfeito com uma decisão minha. Este aldrabão era conhecido por ter vigarizado algumas pessoas. Ele até foi notícia nos jornais nacionais, por ter enganado incautos.
O intrujão inventou esta patranha a meu respeito. A estatura moral deste mentiroso baixinho é proporcional à altura dele.