quarta-feira

CADA VEZ QUE URINAVA, FAZIA CHI-CHI





- Cada vez que eu órinava, mijava.
Ele andou doente e estava a queixar-se daqueles tempos difíceis. Sentia vontade de mictar. Ia à casa-de-banho satisfazer as suas necessidades fisiológicas e acabava sempre a vomitar, depois de urinar.
Portanto, muito pesarosamente, o que o homem queria dizer era: “de cada vez que eu urinava, vomitava”.
Cometeu um pequeno lapso e proferiu aquela afirmação. Era perfeitamente verídica, mas não constituía novidade para ninguém.
Apesar do seu ar sofrido, o indivíduo acabou por gerar uma certa dificuldade de contenção de risos entre quem o ouvia.
Em matéria lexical, este acto que se repete várias vezes no nosso quotidiano traduz-se em vários vocábulos ou expressões: urinar, mictar, mijar, fazer chi-chi ou verter águas.
Mais frequentemente do que se possa imaginar, são palavras escutadas na sala de audiências do tribunal.
É comum a vítima de um crime ou de um acidente passar a sofrer de dificuldade em urinar. Evidentemente, tal confere o direito a ser indemnizado.
Depois, infelizmente, muitas mortes estão ligadas ao simples acto de fazer uma pausa para satisfazer aquela necessidade.
Num momento de aflição, um homem agarra-se ao seu órgão sexual e, enquanto urina, vive os últimos momentos da sua existência.
Há uns tempos atrás, no decurso de umas festas populares, um homem refugiou-se atrás de um carrossel. De braguilha aberta, começou a esvaziar a bexiga. Por azar, urinou para cima de um gerador e morreu electrocutado.
Nos últimos dias, tem-se falado muito de violência brutal praticada por porteiros de discotecas.
Mas este fenómeno, muito frequente, não é novo.
Aqui há doze anos atrás, ocorreu algo de inacreditável em Vila Franca de Xira.
Como se sabe, a cerveja reveste um certo efeito diurético.
Um homem estava virado para a parede de uma discoteca, lançando a sua urina sobre a mesma.
O porteiro armou-se em bom e foi-lhe logo pedir satisfações:
- Então é aí que se mija?
O visado não gostou da abordagem. Devolveu-lhe a pergunta:
- Porquê? – e acrescentou uma frase que já não terminou: “És tu que…”.
O diálogo foi interrompido por um tiro disparado pelo porteiro. Atingiu a cabeça do indivíduo que se encontrava a urinar. O criminoso fazia questão de andar com uma pistola, sem que possuísse qualquer licença para tal.
O bandido tirou a vida à infeliz vítima e deixou de estar ao serviço da discoteca. Passou a trabalhar no bar da cadeia do Linhó.