O episódio ocorreu há alguns anos.
Quando os fumadores ainda se sentiam à vontade para acender um cigarro, no local de trabalho.
No escritório de uma contabilista, quase todos os que lá exerciam a sua actividade profissional fumavam. Entrando naquele espaço, era notório o ambiente próprio das áreas onde os cinzeiros repletos abundam.
A dada altura, uma das funcionárias engravidou. Colocou o problema à patroa, que era ela própria uma das que mais cigarros consumia por dia.
Estava fora de questão impor a proibição de fumar no escritório. O máximo que se podia fazer era colocar a futura mãe numa sala, onde ninguém poderia lançar baforadas de fumo.
Mantinha-se uma regra de ouro daquele local de trabalho. As portas estariam sempre bem franqueadas, pois a contabilista gostava de controlar o que por ali se passava.
A recepcionista era outra das que mais cigarros acendia diariamente. O local onde ela se encontrava fazia com que o fumo se espalhasse pelos outros compartimentos.
Não tardou a que a grávida voltasse a reclamar junto da chefe. Aquilo não era benéfico para o desenvolvimento do seu bebé nascituro. Todavia, deparou com total indiferença.
Criou-se um ambiente tenso, com a queixosa a pedir constantemente que não fumassem perto da sala onde ela trabalhava. A patroa não achava graça a esse tipo de interferências. Já estava com vontade se ver livre da empregada grávida.
O PAGAMENTO
Entretanto, havia outro problema.
Dois clientes importantes tinham confiado quantias significativas à contabilista, para que ela procedesse ao pagamento junto dos serviços de finanças. Acontece que a profissional apoderara-se daquele dinheiro e despendera-o em proveito próprio. O prazo de entrega ao fisco já fora ultrapassado. Ela encontrava-se a diligenciar no sentido de obter idêntico montante, para satisfazer a dívida, com um certo atraso.
Foi, então, que a contabilista decidiu solucionar duas dificuldades de uma só assentada. Como soe dizer-se, quis matar dois coelhos de uma só cajadada.
Deu uma ordem à Cristina, a tal colaboradora que esperava bebé. Disse-lhe para enviar um e-mail aos dois clientes, cujos impostos ainda não tinham sido pagos. Deveria afirmar que as contas estavam todas acertadas e que as finanças tinham recebido o dinheiro em causa.
As mensagens seguiram assinadas pela própria Cristina.
Poucos dias depois, a contabilista comunicou à empregada que estava despedida.
Passados uns tempos, obtido o dinheiro suficiente, procedeu-se à entrega às Finanças.
Para justificar o atraso perante os clientes, a contabilista explicou que se tratara de um lapso da tal empregada, que devia andar com a cabeça noutro lado, mais preocupada com a gravidez do que com o trabalho.