terça-feira

SEXY E MORTO


Não é que eu tenha esperanças de me vir a tornar sexy, inteligente e elegante. Ainda por cima, de um modo tão singelo: pôr-me a dormir.
De qualquer modo, o livro é bem interessante e recomendo-o. Da autoria de Ellen Michaud, tem prefácio de Teresa Paiva.
Agora, o folheto que acompanha a obra é que é um completo desastre. Confirma que alguns publicitários amadores andam mesmo a dormir quando elaboram os anúncios.
Este cavalheiro não acerta com o nome da empresa que colabora com a editora.
Trata-se de uma firma que é corretora de seguros. Mas o trapalhão apenas confiou no corrector ortográfico do Word, em vez de se segurar numa cuidada revisão do texto.
Em primeiro lugar, apresenta a entidade como chamando-se Median e dizendo que eles são “correctores”: “Median Correctores de Seguros, S.A.”. Pena é que esta organização não tenha tido a oportunidade de corrigir o folheto. De um modo delicado e correcto, podiam pacientemente explicar ao sujeito a diferença entre corrector e corretor.


POUCO VIGIL

Seguramente continuando pouco vigil, o indivíduo depois alterou as coisas. Mais adiante, já é Médian-Corretor de Seguros, S.A. Portanto, com acento e hífen, figurando “corretor” no singular.
Um bocadinho abaixo, pode-se ver o logótipo. Lê-se: Median Corretores de Seguros, S.A.
Afinal, em que ficamos?
Aliás, esta pessoa andava tão sonolenta, que, até a usar as teclas do computador, baralhou-se todo, com a “caps shift”. O resultado foi dizer que a linha telefónica funciona de segunda a sexto feira: “2ª a 6º feira das 9h às 18h”. E ainda poupou nos zeros e na letra m, de minutos. Nada de seguir as regras e escrever “9h00m às 18h00m”. Não havia tempo a perder. O vale de lençóis aguardava o homem.
Também é curioso como ele, por vezes, escreve “a Selecções do Reader´s Digest”, e, noutros caso, opta pelo plural: “as Selecções do Reader´s Digest”.


BENEFÍCIO EXCEPCIONAL

Também há aqui um exagero da minha parte. Sou exigente com uma promoção que está longe de ser extraordinária.
Oferecem um fantástico “seguro de vida feito a pensar no futuro da sua família, que visa proteger aqueles que lhe são mais queridos”.
Já fico mais descansado quanto ao porvir das minhas pequenas.
Só tenho é que morrer nos próximos três meses. Ou, então, ficar inválido absoluta e definitivamente. Depois, eles pagam a exorbitante quantia de… tchan… tchan… segurem-se bem… mil euros! Isso mesmo: duzentos continhos, na moeda antiga, para a família se governar. Como se elucida, é “um benefício excepcional”!. Trata-se de “um importante reforço do seu nível de protecção pessoal e familiar”. Eu diria até que é um importantíssimo reforço, atento o baixo saldo da minha conta bancária. Duvido é que os mil euros durem muito ou que haja alguma aplicação financeira jeitosa para este montante.
Entretanto, se eu não me finar, eles ficam lá com o meu nome e contactos, pois esta maravilhosa dádiva “visa proporcionar condições vantajosas na contratação de produtos de seguro”.
Felizmente, o livreiro junto a minha casa ainda não se lembrou de anunciar: “Sai um prémio de mil euros a quem morrer nos 3 meses seguintes à compra”. Seria de gosto mais duvidoso do que os antigos sorteios de barras de ouro, promovidos pelas Selecções.
Ai, e que saudades dos tempos em que ofereciam um elegante e útil rádio-despertador digital, a quem respondesse no prazo de dez dias…