Uma
das situações que mais tensão pode criar ao volante é própria das
auto-estradas.
Um
veículo circula na via mais à esquerda, a "faixa" em que se segue a maior velocidade. Vem outro carro
atrás, cujo condutor lhe imprime um ritmo mais rápido. Faz sinais de luzes. O
automobilista da frente não se desvia imediatamente para a direita e ocorre um
desagradável "diálogo".
Cada
um deles crê ter razão.
O
da frente não pode andar mais depressa porque os que o antecedem vão devagar.
Ou, então, já vai acima dos 120 km/h e, portanto, não tem nada que conceder a
passagem a aceleras. Também pode ser que, à direita, sigam diversos veículos,
que lhe impedem a mudança para a outra "faixa".
O
condutor de trás entende que está certo. Aquela via é para os automóveis mais
rápidos. Aliás, em muitos casos, até se encontra assinalada uma velocidade
mínima de 90 km/h. E, claro, a lei manda circular pela direita.
SUBÚRBIOS
Certa
vez, algo de completamente insólito e assustador aconteceu entre Almada e
Seixal.
Ao
final da tarde, muitos carros provenientes de Lisboa atravessavam a Ponte 25 de
Abril e iniciavam o seu trajeto na A2.
A
auto-estrada termina no Algarve. Mas, entretanto, a maior parte dos
automobilistas encaminham-se para os subúrbios da capital: Costa da Caparica,
Fogueteiro, Barreiro, Palmela...
Pois
vinha um indivíduo apressado no seu Opel Astra. Tinha acabado de atravessar o
Tejo. À sua frente, seguia um Fiat Punto, que certamente não iria além dos 120
km/h. O pior é que o respetivo condutor não mudava para a via central, apesar
de sucessivamente avisado pelos faróis do que ia atrás. Claramente, obstruía a
passagem de modo intencional.
Tantos
foram os sinais de luzes que o automobilista mais lento lá cedeu. Desviou-se
para a direita e permitiu a ultrapassagem.
O
pior veio depois.
O
condutor do vagaroso Fiat Punto abriu a janela e sacou de uma pistola. Acelerou
e posicionou-se atrás do outro veículo. Disparou várias vezes, atingindo a
carroçaria. Foi um valente sobressalto para o sujeito que o ultrapassara.
Receoso,
o dono do Opel Astra encaminhou-se para uma esquadra. Com alguma surpresa,
verificou que o autor dos disparos o seguiu até ao posto policial.
Curiosamente,
o furioso automobilista era uma polícia à paisana. Utilizara a sua arma de
serviço para descarregar não só a raiva contida devido a alguns problemas
pessoais como também a própria pistola de onde foram projetadas as munições.