O milionário esteve preso durante 10 dias na prisão de
Caxias.
Já com 54 anos, encontrava-se no seu amplo gabinete da
Avenida Infante Santo, em Lisboa. Naqueles tempos agitados do ano de 1975, de
metralhadora ao ombro, o tenente Rasteiro do Rosário Dias entrou na sede do
grupo CUF, procedendo à detenção do presidente, Jorge de Mello, agora falecido.
Após a libertação, o neto de Alfredo da Silva, fundador
daquele império industrial, foi viver para a Suíça.
Antes disso, o empresário tinha pedido para se reunir
com Mário Soares. O político recebeu-o, oferecendo-lhe um jantar na casa de
Nafarros. A conversa foi longa e Soares estimulou o industrial a prosseguir com
os seus investimentos em Portugal.
ADVOGADO
O socialista não teria especiais razões para proteger
Jorge de Mello.
De resto, havia sido advogado de Cristina de Mello, num
litígio que a opunha aos restantes irmãos, incluindo Jorge, um ano mais novo do
que ela. A herdeira pretendia uma quarta parte da fortuna. Recorrera aos
serviço do brilhante causídico, por saber da sua coragem nos tribunais.
Mais. Pouco antes de Salazar cair da cadeira, o presidente
do conselho pressionara Jorge de Mello para que Mário Soares não fosse
contratado como consultor jurídico de uma empresa do grupo CUF, instalada em
São Tomé. Acedendo, o homem de negócios retrocedeu no convite antes formulado.
Ainda se ofereceu para indemnizar discretamente o oposicionista, mas este recusou.
O contornos desta negociação frustrada encontram-se
relatados na biografia do antigo Presidente da República, assinada por Joaquim
Vieira.