A prisão da Carregueira já passou de moda. Agora,
fala-se é da cadeia de Évora e dos seus 42 reclusos.
Em 2007, encerrou o estabelecimento prisional escalabitano,
onde se encontravam elementos das forças policiais, cumprindo pena ou
aguardando julgamento.
Há muitos anos, em Santarém, a convite do meu Amigo
Luís Oliveira, seu diretor, tive o privilégio de almoçar no refeitório. Ele concedeu-me a
prerrogativa de ser o primeiro a provar cada um dos pratos, antes de ordenar
que fossem servidos aos reclusos. Por tradição, compete ao responsável máximo
degustar a refeição e autorizar o seu consumo caso se encontre nas devidas
condições.
Já antes, a minha Amiga Suzana Borges tinha lá estado,
nas filmagens de uma película francesa. Ela representava o papel de uma médica
que prestava assistência aos prisioneiros.
Também a conhecida série “Camilo na Prisão” foi ali
rodada.
GINÁSIO
Com gosto duvidoso, nos meios judiciais, a unidade
alentejana é conhecida como cadeia da guarda,
distinta da cadeia da Guarda, na cidade dos cinco F’s.
As condições são mais ou menos idênticas às que havia no Ribatejo.
Evidentemente, são duras para quem fica atrás das
grades. Mas está presente o humanismo com que são tratados os presos no nosso
País.
O período de abertura das celas é alargado. Durante
quase doze horas, pode-se circular livremente nos corredores.
Existe um ginásio, proporcionando todas as vantagens
que o exercício físico oferece. A sua utilização é naturalmente limitada e
talvez pudesse haver menor controlo por parte de alguns detidos. Não parece
muito curial a gestão à moda do antigo escrivão de cela: o preso que chefiava o
espaço comum de acordo com critérios por ele definidos.
Há a biblioteca e vários detidos prosseguem estudos.
Através de duas cabines, são facultados os contatos
telefónicos, importante instrumento no ambiente de reclusão e para a vida dos
familiares. É possível efetuar ligações para dez destinatários, além do
advogado de defesa.
TRABALHO
Infelizmente, são poucos os que beneficiam da
oportunidade de trabalhar.
As celas são coletivas, algumas com beliches. Obviamente,
traduz-se num regime menos vantajoso do que o alojamento individual previsto na
lei.
Tem de se coabitar com pessoas de hábitos diferentes.
Muitos só tomam banho no dia da visita. Não deve ser agradável partilhar o
espaço com alguém que não cheira bem dos pés.
Nalguns casos, há duas televisões na mesma área. Entre
quatro dezenas de reclusos, contam-se vários de idade avançada, já com
dificuldades auditivas. Ajustam o som para níveis muito elevados, à hora da
telenovela. As coisas tornam-se difíceis para quem acompanha outro canal
televisivo, em aparelho distinto.