Paula Teixeira da Cruz é uma brilhante advogada. Na
política, tem-se revelado hábil.
À partida, a reorganização judiciária era um projeto
destinado a fracassar.
A ministra da justiça soube negociar com os
sindicalistas, correspondeu a justas reivindicações salariais e participou em
eventos sindicais.
Deixaram de se ouvir críticas ao novo mapa judicial.
NA OPOSIÇÃO
Inteligentemente, Paula coloca a hipótese de o seu
partido não ganhar as próximas eleições legislativas.
Será deputada, na oposição.
Tornar-se-á na Isabel Moreira do PSD. A apresentar
propostas sobre temas polémicos, provocando o debate de questões fraturantes,
que dividem a sociedade e os próprios membros do seu grupo parlamentar.
Neste domínio, a jurista terá de estar mais atenta à
forma como a sua colega socialista atua.
BONS ARGUMENTOS SEM APOIANTES
A social-democrata está a falhar no tirocínio de
matérias controversas.
Sugeriu a legalização do comércio de drogas leves.
Não há nenhum farmacêutico interessado em vender haxixe.
A associação nacional de farmácias não toma posição. A ordem dos farmacêuticos
é indiferente ao assunto.
Nem sequer existe qualquer grupo de consumidores a
lutar pela causa nem tão-pouco há negociantes dispostos a apoiar aquela reforma
legislativa.
Mesmo a ideia da lista de pedófilos, acessível a pais
de crianças e adolescentes, gerou demasiadas resistências, em vez de fomentar
uma profícua contenda entre apoiantes e opositores.
Nenhuma associação de pais contribuiu com a sua visão.
As instituições de apoio à criança não revelaram o que pensam.
Não basta apresentar bons argumentos, pugnando por uma
alteração importante na sociedade. É necessário demonstrar que existem
portugueses a apoiar a mudança.
Propositadamente, a filha de Adriano Moreira defende planos
que têm fortes adversários. Mas começa por adotar um objetivo que é desejado por
ativistas empenhados, ainda que minoritários. Isabel torna-se o rosto político
de causas que encontram eco nalgumas franjas da sociedade civil e fica
sustentada por grupos influentes.
Como deputada na oposição, Paula Teixeira da Cruz não
precisa de ter ideias originais. Tem de escolher desígnios traçados por outros
e bater-se politicamente por eles.