A doutrina aprofunda detalhadamente os crimes sexuais, havendo numerosas obras sobre a matéria.
As notícias mais recentes suscitam
controvérsia.
É o tal acórdão a afastar da prisão os
porteiros da discoteca que se envolveram numa “sedução mútua”, fenómeno desconhecido dos estudantes universitários
das Faculdades de Direito, mas que surge agora como nova figura jurídica
descoberta pelo Tribunal da Relação do Porto.
Depois, vem o juiz que, há mais de três
décadas, quando contava 17 anos, tentou, sem sucesso, forçar uma rapariga a
certa prática sexual. Alguns consideravam ser obstáculo a que o jurista ascendesse
à catedral do sistema judicial norte-americano.
DINHEIRO E SILÊNCIO
Finalmente, o melhor jogador de futebol do
mundo, que é certamente alvo de diários ensaios frustrados de chantagem e
extorsão, viu ser divulgado um acordo que celebrou com a mulher que o acusa de
violação.
Cristiano deve ser mais ou menos como a
Coca-Cola.
Constantemente, oportunistas remetem
cartas, enviam e-mails, fazem telefonemas e contratam advogados para
comunicarem que ficaram muito indispostos após consumirem o refrigerante. Estão
internados no hospital e até sofrem de uma doença terminal. Não logram sacar
dinheiro nenhum e alguns até acabam com um processo em tribunal pela
insistência ilegítima.
Imagino que o atleta seja alvo do mesmo
tipo de contactos e rejeite sistematicamente ceder a inaceitáveis pressões. Com
certeza é inflexível e não se deixa amedrontar por trapaceiros.
Mas naquele caso particular, Ronaldo concordou
em pagar uma avultadíssima quantia à queixosa, pedindo-lhe que ela não difundisse
absolutamente nada.
Dá que pensar.
FELIZ
No tocante ao reino animal português, as
leis vão sendo aperfeiçoadas para proteger as criaturas destituídas de
raciocínio, e também a sua sexualidade é ocasionalmente considerada.
Os defensores das touradas dizem que
ninguém trata tão bem os toiros de lide como os que os criam com o fito de eles
terminarem a sua existência após o combate na arena.
Até esse dia, os bois levariam uma vida
rodeada de atenções, dispondo de um gigantesco harém de exemplares do sexo
oposto, para cobrição independentemente da sua vontade.
Caberá aos detentores do poder legislativo avaliar
se é assim tão óbvia a felicidade desses pobres bichos.
CARANGUEJO-VIOLINISTA
Quem garantidamente não tem uma vida alegre
são os desgraçados caranguejos-violinistas do Algarve.
Aqueles crustáceos apresentam duas patas
frontais, sendo uma delas muito mais comprida do que a outra. No folclore
marítimo, a primeira serviria para segurar o instrumento musical enquanto a
mais longa agarraria no arco destinado a fazer vibrar as cordas da rabeca.
Na realidade, a pinça que mais se destaca é
utilizada para atrair as fêmeas, como que as agarrando ternamente, num namoro
que antecede a intimidade. Daí que, no Brasil, atribuam o nome vem-cá a esses curiosos animais.
O drama é que o volumoso membro esconde
deliciosos lombos bem carnudos, saborosíssimos. Com eles confeciona-se o
gostoso arroz de bocas.
O que os pescadores algarvios fazem não é
nada meigo.
Capturam o caranguejo-violinista e
arrancam-lhe aquela patorra especial. Devolvem o animal ao mar, com vida,
convictos de que o membro voltará a crescer. Quem sabe, numa captura futura,
ainda servirá para uma outra refeição.
Na verdade, nada disso acontece.
Com o decurso de muito tempo, a pata
extraída dá apenas lugar a um minúsculo coto que em nada se compara ao membro
que se assemelhava ao ágil braço direito de um violinista. Ele nunca
mais consegue arranjar uma dulcineia.
A tragédia não fica por aqui.
Sem o longo membro, o desditoso caranguejo
é confundido pelos outros machos. Julgam estar perante um elemento feminino.
Além de maneta vitalício, o desinfeliz animal está sempre a ser violado por
equívoco.