Quando António Maria Pereira morreu, eu evoquei-o, reproduzindo aqui uma deliciosa história por ele contada.
Eram muitos os episódios reais que o Advogado
tinha para relatar.
Na sua casa da Estrela, enquanto Santana
Lopes ocupava o cargo de primeiro-ministro, ele ostentava com orgulho uma antiga
fotografia em que surgia ao lado do político, quando este não contava sequer 30
anos de idade. Na imagem, os dois amigos descontraidamente trajavam pólos
Lacoste e manifestamente não se encontravam em ambiente político-partidário.
Mais discretamente, naquela mesma
habitação, exatamente no sótão, encontrava-se um quadro que o causídico havia
adquirido num leilão em Londres, como sendo da autoria do genial Pablo Picasso.
Após desembolsar uma pequena fortuna, descobriu que se tratava de uma
falsificação. A trapalhada chegou ao Supremo Tribunal português, que não deu
razão ao comprador.
XSARA
Também envolvendo o nome de Picasso, outra
confusão, bem divertida aliás, ocorreu com a talentosa pintora Graça Morais.
A artista estava num stand de automóveis.
Interessou-se por uma vistosa viatura, que
escondia potente motor sob o capot.
Indagou o vendedor quanto ao preço e ficou
escandalizada com o altíssimo valor. Com aquele montante, podia-se fazer tanta
coisa em vez de gastá-lo num veículo. Daria até para escolher uma pintura do
famoso espanhol e passar a exibi-la em casa. Por isso, Graça respondeu ao
comercial:
- Esse dinheiro todo daria para comprar um
Picasso.
Convencido de que continuavam a falar de
carros, o homem pensou em Citroën. Quis adaptar a conversa aos gostos da
potencial cliente, declarando:
- Ah, compreendo. A Senhora dá preferência
a monovolumes. Vou-lhe mostrar as nossas opções.